O que podemos aprender com a ansiedade?
Fazendo uma consultarmos rápida ao dicionário, lemos que a ansiedade é grande mal-estar físico e psíquico, provocando aflição e agonia. Mas como essa emoção tão difícil de lidar pode nos trazer algum aprendizado?
A ansiedade muitas vezes surge como um ladrão, repentinamente aparece e assalta a paz e bem-estar que estávamos sentindo. Sim, ela importuna! Faz os batimentos cardíacos acelerarem, as mãos suarem, a voz tremer, uma inquietação nos toma e em fração de segundos nossas experiências dolorosas do passado se fundem com pensamentos e criamos cenas terríveis para o futuro.
Perguntas e mais perguntas povoam nossos pensamentos como elos de uma corrente – um se encadeia ao outro em frações de segundos!
E se eu não souber o que dizer?
Será que vou saber como agir?
Como vou ficar depois que…?
A conversa interna que travamos são segue a gramática. Não há vírgula, nem ponto final. Parece uma coleção de interrogações e reticências… que muito atormenta. Como esse monólogo sem fim haverá de ser útil? Podemos nos questionar!
A resposta surpreende: é que a ansiedade, como qualquer outro sentimento nos comunica algo sobre nós mesmos. Ao mesmo tempo que persegue qual a própria sombra, nos convida a conhecer o que nos ameaça.
Esse sentimento nos alerta sobre os riscos, interpela e exige respostas que nem sempre estamos prontos para dar. Justamente por isso, retorna e apela para deixamos a superfície da dúvida paralisante e mergulharmos fundo nas respostas.
Recortes de uma prosa com a impertinente:
Ansiedade, velha conhecida, mais uma vez você por aqui. Notei sua presença hoje desde cedo. Já acordei acelerada, sentindo borboletas no estômago quando lembrei dos desafios que precisaria enfrentar naquele dia. Foi uma manhã agitada, fazendo relatórios e construindo ferramentas terapêuticas.
E justamente em meio ao corre-corre meu relógio resolveu parar. Quando me dei conta do horário pensei imediatamente: vou me atrasar para os atendimentos!
Tentei me ajeitar o mais rápido que pude. Bora! De pressa! Eu me dizia, enquanto as chaves e as pastas caiam. Apertei freneticamente o botão do elevador, não resultando em nada. As sensações corporais começaram a se intensificar, o sinal de alerta foi a falta de ar.
É você outra vez ansiedade?! O que você está querendo me dizer que ainda não ouvi? Parei um instante. Comecei a nomear o que estava diferente dentro de mim e encontrei a resposta – havia cortado meu próprio combustível vital: o ar!
Aproveitei a demora do elevador para respirar bem fundo, prestando atenção no ar entrando e saindo pelo nariz. Fechei os olhos e os batimentos foram se acalmando, voltei a raciocinar com clareza. Disse comigo: não há nada que eu possa fazer para adiantar o relógio! Sei que fiz o que estava ao meu alcance para não atrasar. Decido que vou aproveitar o trajeto e o momento presente. Meu objetivo é transmitir paz para quem eu encontrar neste dia. Me esbaforir não vai ajudar. E, enquanto o elevador não chega, vou comunicar o atraso.
O que aconteceu em seguida?
A ansiedade se despediu e me deixou companhia de três aprendizados:
- Primeiro: me lembrou que não sou a senhora do tempo;
- Segundo: os sintomas corporais são um convite para refletir sobre o que está acontecendo agora e a buscar soluções;
- Terceiro: sou responsável em produzir meu bem-estar e também por cuidar para que minhas ações não impactem negativamente as outras pessoas.
Já teve a experiência de conversar com a ansiedade?
Se ainda não, te encorajo a chamá-la para se sentar e ouvir as lições que ela pode te comunicar, nas minhas experiências os ensinamentos foram muito sábios.